Expansão de data centers no Brasil transforma o setor imobiliário em novo polo de investimentos estratégicos
O acelerado crescimento do mercado de data centers no Brasil, impulsionado pela inteligência artificial (IA) e pela computação em nuvem, está criando uma onda de oportunidades para o setor imobiliário. Com o país se consolidando como líder na América Latina, atraindo 50% do capital internacional investido em data centers na região (de acordo com a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais – Brasscom), a demanda por infraestrutura física especializada abre um novo e lucrativo nicho para investidores e desenvolvedores imobiliários.
O Brasil emerge como um destino estratégico para o processamento massivo de dados. Entre os principais atrativos se destacam a matriz energética majoritariamente renovável, a disponibilidade de terrenos a preços competitivos, inclusive próximos a grandes centros urbanos, e um setor de construção civil maduro. Além disso, a estabilidade político-econômica e a crescente expansão da infraestrutura de telecomunicações criam o cenário ideal para a instalação dos data centers que sustentarão a próxima revolução tecnológica.
Projeções da Thymos Energia indicam que o setor deve atrair cerca de R$ 60 bilhões em investimentos em infraestrutura no país até 2030. Esse volume não se traduz apenas em oportunidades para operadores de tecnologia, mas também para o mercado imobiliário, responsável por viabilizar os espaços físicos onde esses centros de dados operarão.
É nesse ponto que a expertise imobiliária se torna crucial. Lúcia Aragão, sócia da área Imobiliária do Vieira Rezende Advogados, explica que o investimento em data centers já se tornou uma estratégia de diversificação atrativa para o setor. “A estratégia envolve adquirir imóveis, realizar a construção e a adequação para abrigar data centers, entregando o empreendimento finalizado a um operador especializado”, detalha.
Esse modelo permite que investidores do setor imobiliário capitalizem sobre a alta demanda sem a necessidade de operar diretamente a complexa tecnologia de processamento de dados. “O investidor fica responsável pela parte estrutural, incluindo o fornecimento de energia, segurança e equipamentos necessários para a estrutura física. Esse modelo de diversificação permite ampliar a atuação das empresas imobiliárias, garantindo maior flexibilidade e segurança nos investimentos”, complementa Aragão.
A oportunidade é amplificada por iniciativas como a futura política nacional de data centers, anunciada pelo governo federal como parte do Plano de Transformação Ecológica. A proposta visa criar um ambiente regulatório mais previsível e favorável à expansão desses projetos. Paralelamente, linhas de crédito específicas, como a recentemente disponibilizada pelo BNDES com orçamento de R$ 2 bilhões, sinalizam apoio financeiro robusto para projetos de infraestrutura de data centers desenvolvidos pela iniciativa privada.
Com um mercado de capitais desenvolvido, um sistema bancário acessível e diversas modalidades de investimento – desde a construção direta até fundos imobiliários focados nesse tipo de ativo –, o Brasil oferece a estrutura financeira necessária para suportar esses empreendimentos de capital intensivo. Trata-se de uma oportunidade ímpar em que infraestrutura tecnológica e ativos imobiliários convergem para impulsionar uma nova fronteira de investimentos.