A modalidade do consórcio imobiliário vem atraindo o novo perfil de investidor que busca formar patrimônio sem recorrer a financiamentos tradicionais, mesmo com cenário de juros ainda elevados
Com a taxa Selic em patamar elevado e a renda fixa deixando de oferecer os mesmos atrativos de períodos anteriores, o consórcio imobiliário ganha protagonismo como alternativa estratégica de investimento — especialmente entre os brasileiros mais jovens. Fora do circuito tradicional dos grandes bancos, essa modalidade tem se destacado por permitir alavancagem patrimonial com menor risco e maior previsibilidade, características valorizadas por quem deseja construir patrimônio de forma planejada.
Segundo Juciel Oliveira, CEO da Monteo, especialista em investimentos, escritor e criador do podcast Receita de Sucesso, o consórcio permite ao investidor usar recursos de terceiros, via carta de crédito, para adquirir um bem ou imóvel, sem necessidade de desembolso imediato. “É uma forma inteligente de começar a investir com pouco, aproveitando o rendimento de outras aplicações para custear as parcelas”, explica.
O aumento da procura por consórcios entre o público mais jovem está intimamente ligado à busca por informação acessível. Dados do Google mostram que 4 em cada 10 brasileiros que não investem gostariam de aprender mais sobre o tema. A demanda reprimida por educação financeira tem impulsionado o interesse por alternativas que não exigem conhecimento técnico avançado nem vínculo com instituições bancárias tradicionais.
“O maior obstáculo não é a falta de interesse, mas a linguagem complexa e a ideia de que investir é só para quem já tem muito dinheiro”, afirma Oliveira. Para ele, o consórcio cumpre uma função dupla: além de facilitar o acesso a ativos de maior valor, também ajuda a introduzir conceitos de disciplina financeira e planejamento de longo prazo.
Uma das estratégias que mais atraem novos investidores é a possibilidade de pagar as parcelas do consórcio com o rendimento de outras aplicações, como os fundos imobiliários. “Se você tem uma carteira de R$ 500 mil rendendo 0,7% ao mês, pode utilizar esses R$ 3.500 para bancar as parcelas de uma carta de R$ 1 milhão. Assim, você amplia seu patrimônio sem abrir mão da liquidez dos seus ativos”, exemplifica o CEO da Monteo.
Esse mecanismo tem ganhado força entre pequenos empresários e profissionais liberais que buscam expandir seu portfólio de ativos de forma mais segura. Diferente do financiamento, o consórcio não cobra juros e permite a valorização do imóvel com base no valor total da carta, mesmo que o crédito ainda não tenha sido completamente pago.
Mesmo com o cenário de juros elevados, a modalidade se mantém atrativa por sua estrutura de baixo risco e pelo crescimento constante no número de participantes. A maior disponibilidade de conteúdo educativo e a atuação de assessorias especializadas têm ajudado a desmistificar o consórcio, que antes era visto como opção de médio prazo, mas hoje já figura entre as estratégias de diversificação patrimonial mais procuradas.
Para quem deseja entrar nesse mercado, Oliveira recomenda atenção a três pontos: conhecer o funcionamento da modalidade, buscar administradoras regulamentadas pelo Banco Central e manter acompanhamento ativo do investimento. “O ideal é ter acesso ao portal da administradora, com login e senha, para acompanhar cada etapa do processo e não perder prazos importantes, como o do resgate em caso de desistência.”
Com perspectivas de valorização, flexibilidade e segurança, o consórcio imobiliário caminha para deixar de ser visto como alternativa secundária e se consolidar como instrumento eficaz de construção de patrimônio, especialmente entre os jovens que desejam começar cedo a projetar um futuro financeiro sólido.